segunda-feira, 30 de julho de 2012

Do ofício aprendido na infância, Júlio César Pinheiro mantém a carreira de calígrafo com reconhecimento e prestígio


 
As mãos de ouro de um raro artista potiguar
Fonte: Jornal Diário de Natal
 
Natural de Santana do Matos e servidor do Cerimonial do Governo do Estado, é Júlio César quem faz, a próprio punho, convites personalizados de ministros e da presidência da República. 

"A preguiça é a chave da pobreza". De todos os dias escrever pelo menos 200 vezes essa frase como castigo à sua rebeldia, o então menino Júlio César Pinheiro do Carmo, natural da cidade de Santana do Matos, terminou encarando o castigo com seriedade e aprendeu não apenas que o trabalho é o caminho do sucesso, mas que esse sucesso poderia vir pela arte de escrever. Foi com o próprio pai, um escrivão de cartório, que o menino Júlio aprendeu a trabalhar com a caligrafia, tornando mais bonita ainda a arte de escrever com estilo e com elegância.

Hoje, em pleno auge da tecnologia digital, em que é muito mais fácil escrever o que se quer nas mais diversas fontes e tipos gráficos utilizando a telinha de computador ou qualquer apetrecho eletrônico, Júlio César, 58, é um dos pouquíssimos calígrafos de Natal e sua letra é uma verdadeira obra de arte muito cobiçada da cidade. "Quem não quer receber um convite com uma letra bem desenhada, requintada e cheia de charme?Até a presidenta Dilma Rousseff", responde ele, referindo-se a uma foto feita com ela quando ainda era chefe da Casa Civil do presidente Lula.




"A foto está aqui exposta na minha sala, mas foi ela própria quem pediu para conhecer 'o artista potiguar das mãos de ouro', que fora o autor daquela letra desenhada em seu convite. Então, me levaram até ela e o fotógrafo da presidência fez fez uma foto registrando aquele momento, que hoje guardo com muita honra, pois é a prova que o meu pai tinha razão quando puxava minha orelha e me obrigava a escrever", conta Júlio, com os olhos cheios de lágrimas. "Como meu pai era escrivão e tinha a letra muito bonita, eu tinha obrigação de fazer o mesmo, mas eu tinha uma revolta enorme, pedia a ele para colocar "O Brasil é belo", mas ele insistia na frase, afinal era um castigo", explica.

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